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Ato relembra Chacina do Beco do Candeeiro

Foi celebrado um culto ecumênico na praça. Houve apresentações culturais de dança e duas mães das vítimas estiveram presentes na celebração

Publicado: 11 Julho, 2018 - 20h46

Escrito por: Publicada no site Circuíto MATO GROSSO

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Nenhuma autoridade da Justiça, representantes da Prefeitura ou do Governo esteve presente no Ato para relembrar a Chacina do Beco do Candeeiro, realizado na noite desta terça-feira (10), na Praça Nosso Senhor dos Passos no Centro de Cuiabá. O evento reunião uma médias de 50 pessoas, incluindo duas mães das tres vitimas mortas, amigos, apoiadores da causa e alguns moradores de rua que vivem na região central de Cuiabá.
 
 A mãe de uma das vítimas mortas, Maria dos Santos, 69 anos,  ficou emocionada, chorou bastante e fez carinho na estátua que lembra a morte de seu filho.
 
“Fico muito triste, faz 20 anos que meu filho foi morto nunca teve justiça, mas eu ainda tenho esperança que algo seja feito, ninguém pode matar ninguém nessa vida”, disse Maria.
 
O Ato foi iniciado com um pequeno Culto Ecumênico,  foi celebrado pelo Padre Aloir Pacini. Na ocasião ele disseque viveu uma situação muito parecida com a Chacina que matou os três jovens, reelembrando outro caso célebre de violência social em Mato Grosso.
 
 “Quando eu vim para cá, tinha sido assassinado um jesuíta, Vicente Cainhas. Fizemos um esforço enorme para punir e condenar os mandantes e assassinos, levamos 30 anos para fazer isso”.  
 
 Ainda de acordo com as explicações do religioso, o evento serve para relembrar que existe um crime impune que não deve ser esquecido. “Exigir justiça é necessário e urgente para que as pessoas que cometem este tipo de crime pensem duas vezes antes de fazer. Este ato de memoria aos meninos mortos, traz uma consciência que criança de rua não se mata, tem outras formas de auxiliar para que eles consigam viver bem na sociedade.
 
O vice-presidente da Associação de Famílias Vítima de Violência (AFVV), Heitor Reyes, disse que há uma possibilidade de enviar o caso da chacina para Corte Internacional dos Direitos Humanos.  “O caso não foi resolvido, mas a nossa associação nunca desiste da chacina do Beco do cadeeiro”, relatou.
 
Outra situação apontada pelo vice-presidente da AFVV é o descaso das autoridades que viram as costas para um problema social presente no Centro Histórico de Cuiabá. Muitas pessoas estão na rua, são usuárias de drogas e as famílias sofrem “as mães aqui se sentem desamparadas pelo Estado que não realiza ações para mudar essa triste realidade”.
 
No encerramento, houve apresentação de Hip Hop e distribuição de mingau, pipoca e quentão para os participantes e os moradores de rua que vive na região do Beco.
 
O beco e suas diversas faces
 
Vários moradores de ruas e usuários de drogas passam parte do dia no Morro da Luz e outra parte na rua lateral do Beco. Essas pessoas estão em vulnerabilidade social, não possui atenção do poder público e a sociedade ignora o problema social e assim surge a classe dos esquecidos.  
 
Engana-se quem pensa que o na rua lateral do Beco do Candeeiro possui apenas pessoas que moram nas ruas. O espaço é pulico e reuni pessoas que possuem local fixo de moradia e emprego.
 
O Circuito Mato Grosso foi falar com algumas pessoas que estavam na rua, um deles aceitou contar um pouco de sua história. De forma tímida o homem explicou que era usuário de drogas há 15 anos, mas que tinha emprego e residência. Bem vestido ele falava que só vistiava a região e tinha mutio respeito por todos que moravam ali. 
 
“Eu venho aqui apenas para usar drogas, eu tenho trabalho, venho aqui umas três vezes na semana para usar minha droga e depois vou embora”, disse o homem.
 
Outros moradores de rua que estavam presentes no local, mas não sabia do que se tratava o evento, alguns deles aproveitaram para se alimentar.