Escrito por: CUT-MT
Mobilização reúne mulheres de diferentes setores da sociedade para lutar pela igualdade, democracia e o fim da violência
A Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso (CUT-MT) levou para as ruas do centro de Cuiabá, na capital do estado, no dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher – mais de 100 anos de lutas por transformação no mundo do trabalho e na sociedade. Com a união das vozes de mulheres do campo, da cidade, das matas, florestas e das águas, elas defenderam a frase ‘Pela Vida das Mulheres, ainda estamos aqui!’, tema do movimento em 2025.
No ato, assim como durante o percurso da marcha das mulheres pelo centro de Cuiabá, foram destacadas as bandeiras da CUT para a data. A secretária de Mulheres da CUT-MT, Angelina de Oliveira Costa, elencou a luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários; o grito pelo direito à terra, à moradia; pela democracia e o “não” à anistia para os golpistas.
Dentro das defesas, a sindicalista deu destaque à educação, lembrando que, em 2024, foi sancionada a Lei 14.986/2024, que trata da equidade de gênero nas escolas. “Temos que fazer as leis serem implementadas. Existem muitas leis que dispõem sobre as políticas para as mulheres, mas não basta termos as leis, é preciso implementá-las. Essa é uma tarefa coletiva, porque a luta das mulheres não se resume apenas ao trabalho delas, mas a todos”, afirmou Angelina Oliveira.
Para a vice-presidente da CUT-MT, Maria Celma Oliveira, as pautas de luta das mulheres sempre tiveram o viés social, em defesa das políticas públicas que garantissem a todos/as, trabalhadoras e trabalhadores, qualidade de vida. Contudo, sendo as mulheres maioria na estratificação social, elas são também as mais afetadas pela falta de vagas em creches e escolas, pela ausência de investimentos na saúde pública (SUS), moradia, rede de esgoto, entre outros.
Maria Celma de Oliveira, Vice-Presidenta da CUT-MT
“Se fizermos um recorte dentro do segmento de mulheres, veremos que as mulheres negras são as mais afetadas, inclusive pela violência. Os enfrentamentos das mulheres são os de toda a sociedade: redução de jornada sem redução de salário; fim da escola 6 x 1; equidade salarial; democracia, sem anistia. Contudo, são elas ainda as maiores vítimas da violência doméstica e dos feminicídios”, destaca Maria Celma Oliveira.
Ainda no ato, a participação dos sindicatos cutistas foi expressiva. Representantes dos bancários, Geysa Coronel Ramires, secretária de Juventude da CUT-MT, falou sobre os desafios específicos da categoria dos bancários. Conforme a militante, um dos desafios para as mulheres bancárias é o assédio. Um problema histórico e de todos os tipos: sexual, moral e institucional.
Também sindicalista do segmento, Leonice Pereira de Souza, bancária há 40 anos, faz um recorte geracional dos enfrentamentos das mulheres. Conforme relata, o assédio continua presente, se soma a desigualdade salarial, com valores 30% menores para as mulheres e também o racismo, que penaliza em maior grau as mulheres negras.
As frentes de luta foram diversas, conforme as quase dez entidades e movimentos sociais presentes. A Secretaria de Mulheres do PT de Mato Grosso trouxe para a pauta um alerta pela defesa da democracia e também pela vida das mulheres.
Segundo a secretária Lígia Viana, “o feminicídio é uma pauta muito frequente no nosso cotidiano e não dá para ficarmos apenas aguardando as políticas públicas do governo estadual, pois não atendem à nossa realidade. Os casos de feminicídio no estado são muito alarmantes; é como se tivéssemos uma epidemia de violência contra as mulheres, o que exige ações contundentes”, afirmou a militante, diante de um estado que é recordista nacional na série histórica de feminicídios.
O ato foi finalizado na Praça Ipiranga, também na região central, e local de grande concentração de trabalhadoras que utilizam o transporte coletivo para voltar para casa. Música, manifestações contra o feminicídio, por igualdade salarial, pela democracia, contra o assédio e todos os tipos de violência contra a mulher marcaram o encerramento.