Deputados Federais de MT aprovam PEC que blinda parlamentares contra investigações
Coronel Fernanda, Coronel Assis, Gisela Simona, Rodrigo da Zaeli, Nelson Barbudo e José Medeiros votaram por acobertar aqueles que cometem crimes na atuação parlamentar
Publicado: 17 Setembro, 2025 - 16h58 | Última modificação: 17 Setembro, 2025 - 17h44
Escrito por: CUT-MT | Editado por: CUT-MT

Os deputados federais por Mato Grosso Coronel Fernanda (PL), Coronel Assis (União), Gisela Simona (União), Rodrigo da Zaeli (PL), Nelson Barbudo (PL) e José Medeiros (PL) votaram a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem. O projeto, aprovado ontem (16/09) na Câmara dos Deputados, gerou indignação por parte da Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso (CUT-MT).
A CUT-MT classificou a votação como uma ação arquitetada contra o povo brasileiro, conduzida por aqueles que deveriam representar os interesses da sociedade, e não se beneficiar dos cargos que ocupam. A chamada PEC da Blindagem é vista como um ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pode isentar mais de 80 parlamentares atualmente investigados por corrupção pela Corte.

“É a PEC do absurdo. É a PEC de quem tem, no mínimo, medo de alguma coisa ou algo a esconder. Se a gente levar em consideração o que foram as chamadas emendas PIX — quando o Congresso Nacional tomou de assalto o Orçamento Público Federal — e fez todo tipo de lambança e chantagem, inclusive com o Executivo, dá para entender o motivo dessa blindagem”, destacou o presidente da CUT-MT, Henrique Lopes.
A votação da PEC ocorreu em duas etapas, e, em ambas, o texto obteve maioria favorável. Na prática, a medida determina que investigações contra parlamentares só poderão prosseguir se autorizadas pela própria Câmara. Cria-se, assim, uma verdadeira "absolvição legislativa", que oficializa a impunidade: o suspeito vota, junto com seus pares, sobre sua própria punição ou absolvição.
Para o sindicalista, a pergunta que não quer calar é: do que têm medo os deputados, especialmente os seis de Mato Grosso?
“São eles mesmos que vivem dizendo que é preciso investigar o governo federal. Mas agora querem criar um sistema de autoproteção para evitar que seus próprios atos sejam investigados. É assim que deve se comportar um representante do povo?”, questiona Henrique.
Henrique ainda ressalta que a PEC é absurda também porque há temas muito mais urgentes para serem discutidos no Congresso, que impactam diretamente a vida da população. Entre os exemplos, ele cita: a isenção da taxa de energia elétrica para famílias de baixa renda; a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil; a taxação dos super-ricos, que precisa avançar; o fim da escala 6 por 1, com redução da carga de trabalho, sem redução salarial.
“Isso sim é do interesse do povo. Agora, aprovar às pressas, no apagar das luzes, uma medida para evitar investigações — isso não é apenas blindagem, é um absurdo”, afirma.
A CUT-MT fez questão de destacar que, entre os deputados federais de Mato Grosso, apenas dois votaram contra a proposta: Emanuelzinho (MDB) e Juarez Costa (MDB).
O chamado “pacote de horrores” continuou com a aprovação de outro benefício polêmico: a extensão do foro especial para presidentes de partidos com representação no Congresso, mesmo que esses dirigentes não tenham mandato parlamentar.